Pedra Sol é o resultado de um período intermitente passado em residência na Escola do Porto Santo entre 2022 e 2023.
Habitar a Escola, tendo-a como ponto central para pensar a ilha onde se insere, trouxe prontamente a necessidade de mapear o território circundante de forma a poder traduzi-lo para a linguagem sensível e matérica da Pintura.
Os primeiros mapeamentos focaram-se na intensa diversidade geológica e material do Porto Santo onde, através percursos a pé, de registos gráficos e recolha de materiais rochosos e vegetais (estes últimos transformados em pigmentos, após moagem e filtragem) foi surgindo a gama cromática daquele lugar.
Embora o processo de criação das pinturas se tenha debruçado, em larga escala, sobre o espaço físico e terreno, ocupado por uma pluralidade abundante e heterogénea de rochas vulcânicas e sedimentares, escorrências, filões lávicos, corais recifais, algas calcárias, fósseis e areias, bem como sobre os micro campos de fungos que vivem em simbiose com organismos fotossintéticos, mais escondidos e apreciáveis apenas em contacto atento e quieto, o âmago deste projeto expositivo é a natureza atmosférica e emotiva das paisagens.
Ao rever as anotações que acompanharam o trabalho prático da Pintura, percebi que todas as indicações apontadas se centravam por um lado, na densidade cromática, por outro, na luminosidade dos elementos: “Os picos mais altos têm uma cobertura de líquenes verdes pálidos (amarelo, azul, amarelo) muito luminosos quando o sol incide sobre eles. A sua luz é intensa, mas sóbria” . Estes apontamentos aludem constantemente ao processo de acumulação (adição ou subtração) que tem de acontecer na superfície do trabalho para que a luz possa atravessar o pano cru.
Pedra Sol alude a uma formação geológica de tubos de lava, observável a partir do mar ao largo do Ilhéu de Cima. Vi-a durante o Verão de 2022, mas por não ter como a registar em imagem fiquei-lhe apenas com a memória, que decerto é o que mais interessa. Naquele avistamento a importância em pensar o território físico e geológico transitou para o território atmosférico e lumínico da ilha. O Porto Santo age como espaço acentuador de fenómenos óticos e sensações pois emana, em toda a sua extensão, uma claridade intensa, por vezes próxima de uma cegueira fragmentada. Possivelmente pela ausência de vegetação densa, ou pela sua cobertura vasta de líquenes. Ali são as pedras que derramam luz.
Habitar a Escola, tendo-a como ponto central para pensar a ilha onde se insere, trouxe prontamente a necessidade de mapear o território circundante de forma a poder traduzi-lo para a linguagem sensível e matérica da Pintura.
Os primeiros mapeamentos focaram-se na intensa diversidade geológica e material do Porto Santo onde, através percursos a pé, de registos gráficos e recolha de materiais rochosos e vegetais (estes últimos transformados em pigmentos, após moagem e filtragem) foi surgindo a gama cromática daquele lugar.
Embora o processo de criação das pinturas se tenha debruçado, em larga escala, sobre o espaço físico e terreno, ocupado por uma pluralidade abundante e heterogénea de rochas vulcânicas e sedimentares, escorrências, filões lávicos, corais recifais, algas calcárias, fósseis e areias, bem como sobre os micro campos de fungos que vivem em simbiose com organismos fotossintéticos, mais escondidos e apreciáveis apenas em contacto atento e quieto, o âmago deste projeto expositivo é a natureza atmosférica e emotiva das paisagens.
Ao rever as anotações que acompanharam o trabalho prático da Pintura, percebi que todas as indicações apontadas se centravam por um lado, na densidade cromática, por outro, na luminosidade dos elementos: “Os picos mais altos têm uma cobertura de líquenes verdes pálidos (amarelo, azul, amarelo) muito luminosos quando o sol incide sobre eles. A sua luz é intensa, mas sóbria” . Estes apontamentos aludem constantemente ao processo de acumulação (adição ou subtração) que tem de acontecer na superfície do trabalho para que a luz possa atravessar o pano cru.
Pedra Sol alude a uma formação geológica de tubos de lava, observável a partir do mar ao largo do Ilhéu de Cima. Vi-a durante o Verão de 2022, mas por não ter como a registar em imagem fiquei-lhe apenas com a memória, que decerto é o que mais interessa. Naquele avistamento a importância em pensar o território físico e geológico transitou para o território atmosférico e lumínico da ilha. O Porto Santo age como espaço acentuador de fenómenos óticos e sensações pois emana, em toda a sua extensão, uma claridade intensa, por vezes próxima de uma cegueira fragmentada. Possivelmente pela ausência de vegetação densa, ou pela sua cobertura vasta de líquenes. Ali são as pedras que derramam luz.
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